Roteiros de Santo Aleixo (1): Peixes ornamentais, queijos artesanais e verduras orgânicas

A busca de uma maior conexão com a natureza e vivências diferentes das que o meio urbano oferece tem sido uma tendência em ascensão. Sendo assim Santo Aleixo, 2o. Distrito do Município de Magé, muito exaltado por um de seus frequentadores mais ilustres, o saudoso jornalista Ricardo Boechat, torna-se uma opção bastante significativa. Foi pensando nisso, que estamos investindo no incremento, no aprimoramento e na difusão do turismo rural em Santo Aleixo e no Distrito Agrícola, localidades com enorme potencial para essa atividade, em que o pequeno produtor poderá agregar renda e toda a população da região se beneficiar.

No dia 13 de junho, percorremos o primeiro de uma série de roteiros de turismo rural, ocasião em que visitamos um criatório de peixes ornamentais, uma fazenda de gado leiteiro para a produção de queijos e outros laticínios artesanais, além de um produtor de verduras orgânicas.

Nei Ourique Soares e seu filho, Sandro Magalhães Soares, são referência na produção de peixes ornamentais, como acará-bandeira, severo, oscar, coridora, japonês, ramires electric blue, red caps e muitos outros. Os peixes são comercializados para o mercado atacadista em todo o país e lojas do Estado do Rio de Janeiro. Alguns compradores mais constantes comercializam os peixes ornamentais na feira semanal de Guarulhos SP. Os proprietários estão há 30 anos no setor e contam com a ajuda de quatro funcionários que possuem participação no negócio. Grande parte da alimentação destinada aos peixes é produzida por eles mesmos, evitando assim muitos gastos com ração. Uma espécie de crustáceo é produzida para servir como alimentação para os peixes.

Tudo começou com um casal de peixes e com um trabalho paciente de observação por parte de Nei e foi quando, em uma conversa com o empresário Waldemar Mello (Zico), convenceu-se que valia a pena investir nesse ramo. Os empresários investem agora nas estufas que auxiliam muito no controle da temperatura e para o processo de oxigenação dos tanques e caixas. Existe na propriedade um espaço específico para a reprodução e desova, para a venda e exposição e um depósito para o sal que é usado para evitar contaminações e doenças. Marcos Marchon, que trabalha há 26 anos na empresa, no princípio não entendia nada de peixes. “Hoje participo de todas as etapas, da seleção de variedades até a venda”, afirmou. Atualmente, a piscicultura possui 3 mil m2, mais de 200 tanques e 150 caixas de peixes.

Da esquerda para direita: Sandy, Nei, Zico, Sandro, João Victor e Francisco.

A propriedade e lojinha “Delícia de Quintal” de Wanda Lucia Prucoli é uma referência na qualidade dos queijos e laticínios produzidos. Wanda herdou da família, especialmente da mãe, a arte de fabricar queijos. Ela só trabalha com leite de muito boa qualidade, principalmente o que produz na sua propriedade. Atualmente, conta com a ordenha mecânica. Alguns dos principais produtos são: queijo minas frescal, queijo minas meia cura, ricota fresca, manteiga, cheesecake, doce-de-leite e agora ela está instalando uma fábrica de pão-de-queijo.

Wanda está há 11 anos investindo nesse setor, quando necessitou superar mudanças importantes que aconteceram na sua vida. “Apenas eu faço o queijo e alguns produtos dependem do tipo e da quantidade do leite produzido em cada período”, apontou Wanda. O queijo meia-cura, por exemplo, só é feito quando o leite apresenta a gordura ideal. Wanda contou que quando seu pai veio do interior do Estado do Espirito Santo para Magé, enfrentaram muita pobreza. Ainda criança vendia leite na rua para ajudar a família. Seu pai trabalhou na fábrica de tecidos, mas a família investiu nas atividades rurais. As instalações de Wanda ficam na Capela, em direção a Piabetá.

No final da manhã, estivemos na casa de um dos principais produtores orgânicos de Santo Aleixo, Ailton Fermino de Souza, mais conhecido como Tibuna. Ele produz, em 3 hectares, uma variedade enorme de verduras que inclui batata-doce, inhame, quiabo, berinjela, jiló, pimenta-doce, açafrão-da-terra, abóbora, tomate-cereja, pimentão e muitos outros. Ele comercializa pessoalmente boa parte de sua produção na feira orgânica da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, às terças-feiras. Se tornou produtor orgânico em 2014, por influência do Zico, com quem estabeleceu um sistema de parceria. “Em 2014 quase que abandonei a roça, mas tomei conhecimento das vantagens da produção orgânica, principalmente com a oportunidade de comercializar no Rio de Janeiro”, ressaltou Tibuna. Cada vez mais, reforça-se o potencial do turismo rural de Santo Aleixo e do Distrito Agrícola.

Visita técnica realizada por Sandy Vieira, Waldemar Mello (Zico), Aloísio Sturm, João Victor e Francisco Pontes de Miranda Ferreira.

Reportagem: Francisco e Imagens: Aloísio, Sandy e Tibuna.

Apoio: Sueli Carneiro.