SERÁ QUE MAGÉ PODERÁ VOLTAR A SER O QUE ERA?

A FAZENDA DOS CONTENTES EM SURUÍ, NO MUNICÍPIO DE MAGÉ.

Você já ouviu falar dessa Fazenda? Moro aqui e nunca ouvi.

Vamos conhecer a sua opulência de outrora e os seus vestígios de grandezas que emocionavam os visitantes.

A bem perto da Capital Federal (Rio de Janeiro), há uma hora e pouco desta metrópole, encontra-se a legendária Freguesia de Suruí , no Município de Magé, cheia de TRADIÇÕES as mais belas e vestígios emocionadores (emociona) da grandeza da então Província do Rio de Janeiro.

Pois foi o Município de Magé, o mais importante, conhecido como terra dos Viscondes e Barões, porque era ali naquela parte da gleba fluminense que existiam as propriedades agrícolas, as mais ricas, os solares mais luxuosos, onde a nossa fidalguia e proeminentes figuras do Império iam fazer as suas vilegiaturas (temporadas) e passar os seus dias de lazeres.

Magé, desde o primeiro Império, possuía nada menos de 98 FAZENDAS RIQUÍSSIMAS, onde a atividade agrícola, era para essa época formidável, sendo a sua especialidade a fabricação de açúcar, aguardente, farinha de mandioca e também a cultura de café, pois foi de Magé, que levaram as sementes dessa rubiácea (arbusto) para fazer a riqueza paulista.

Entre as velhas e ricas fazendas que encontram-se no histórico Município, acha-se a FAZENDA DOS CONTENTES, também conhecida pelo nome de “MATO GROSSO”.

Essa propriedade foi fundada pelos JESUÍTAS, que exploraram a sua cultura até 1733.

Nessa ocasião o Dr. João Soares de Lemos Brandão adquiriu-a, tendo edificado novo Engenho de Cana. Esse operoso Fluminense possuía cerca de 560 escravos, entre os 02 (dois) sexos e que pelos vestígios era essa Fazenda de uma intensa atividade de trabalhos importantíssimos, porque pelo registro da velha propriedade, verifica-se que essa Fazenda embarcou no Porto de Suruí, em 1840 para a Corte, 6.800 arrobas de Café, ou seja 1.700 sacos; 1280 sacos de açúcar de forma; 845 pipas de Aguardente e 6.842 sacos de Farinha de Mandioca.

Nesse ano o Município de Magé, exportou pelo Porto da Piedade 74 mil sacos de açúcar de forma e 85 mil sacos de farinha de mandioca não contando a quantidade de Pipas de Aguardente, Café, Feijão, etc.

A Fazenda dos CONTENTES é uma propriedade que desperta vivas emoções naqueles que ainda tem uma centelha de Patriotismo.

Para mostrar quanto era importante essa Propriedade Agrícola, é bastante dizer que talvez não haja na Sede do Município que tenha uma Cadeia Pública tão segura e bem feita como a Cadeia para Prisões de Escravos Rebeldes que possuía essa rica Propriedade.

Porque esta cadeia é toda de pedra, obra de cantaria a mais perfeita e janelas com grades de ferro em balaústres de 15 centímetros, iguais da cadeia de Japuíba e a da Cidade de Cantagalo.

Esta Fazenda é hoje do bisneto do Dr. LEMOS BRANDÃO, porque foi passando para os seus herdeiros até chegar ao atual proprietário o Sr. OTÍLIO CONTENTE DA SILVA, que nasceu nessa histórica propriedade e reside ali com a sua família.

Essa propriedade oferece as maiores vantagens para a cultura da cana de açúcar.

Todos sabiam que o Dr. Lemos Brandão possuía uma fortuna colossal, porque a produção de sua Fazenda era formidável e ele era ainda muito econômico, pois a sua Fazenda produzia de tudo e até Fábrica de Sabão para o gasto da Fazenda ele tinha.

A casa da Fazenda tinha um grande salão de costuras, onde eram confeccionadas as roupas pessoais de sua família e as indumentárias (traje em determinada época ) dos escravos.

Calcula-se que a importância em libras que possuía aquele portentoso fazendeiro, era superior a 3 mil contos, moeda esta que era naquele tempo muito comum encontrar-se em todas as Fazendas da Baixada Fluminense.

Quando no seu leito de morte, o Dr. Lemos Brandão nos seus últimos momentos chamou seu filho e disse que precisava dizer a ele, onde estava enterrada naquela fazenda a sua fortuna em libras, mandou fechar a porta do quarto e neste momento foi acometido de forte dispneia, não suportando essa crise e não pronunciando nem mais uma palavra, faleceu.

Agora o histórico do Município de Magé, está levantando-se alvissareiro (Promissor), pois este rico Município está transformando-se em Zona Policultura e as suas privilegiadas terras são admiráveis para a laranja, banana, abacate, abacaxi e todas as frutas de zona tropicais.

Magé não desmentirá o Velho refrão....

Quem foi REI sempre será "MAGESTADE".

1 - Obs: Fiquei emocionado em saber desse texto extraído do Jornal Correio da Manhã do dia 7 de dezembro de 1932;

2 - Obs: 3 mil contos de Réis era o valor da Fortuna do Dr. Lemos Brandão que não conseguiu dizer onde estava enterrada para o seu filho. Cabe lembrar;

3 – Obs: O Governo Republicano em 16 de novembro de 1889, antes de enviar o Imperador Pedro II ao exílio, ofereceu-lhe 5 mil contos de Réis, e ele rejeitou.

4 – Obs.: O Dr. Lemos Brandão faleceu de forte crise de Apneia. A mesma doença que sofria o Marechal Deodoro da Fonseca na noite de 14 de novembro de 1889, antes de Proclamar a República.

Colaboração de GIVALDO GUERRA