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Soja Edamame mostra resiliência e potencial econômico como cultura de verão em Magé

  • agroecoturnoticias
  • 12 de out.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 13 de out.

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Evento no Centro Cultural Esportivo Educacional Waldemar Mello (CCEEWAME) destaca resultados de pesquisa participativa de quatro anos, parcerias institucionais e os desafios para a mecanização do cultivo.

 

MAGÉ, RJ – 10 de outubro de 2025. O Centro Cultural Esportivo Educacional Waldemar Mello (CCEEWAME) se transformou em um polo de discussão agroecológica nesta sexta-feira, sediando um evento técnico sobre o cultivo e o processamento da soja Edamame. A iniciativa, que reuniu pesquisadores, extensionistas e produtores rurais, teve como objetivo divulgar os resultados bem-sucedidos de uma Unidade de Observação e Pesquisas implantada no local, que comprovou a adaptação e a resiliência dessa variedade específica de soja às condições do município de Magé e da região.

 

A soja Edamame – termo japonês para "feijão de rama" – difere da soja commodity, cultivada em larga escala para óleo e ração. Trata-se de uma variedade selecionada para consumo humano direto, colhida ainda verde, quando os grãos estão macios e adocicados. Consumida cozida, geralmente como um snack saudável, é rica em proteínas, fibras e isoflavonas.

 

Na abertura do evento, o diretor do CCEEWAME e Licenciado em Ciências Agrícolas, Luiz Carlos Gomes Carneiro, enfatizou o papel social da instituição. "O evento vem consagrar o Centro Cultural como instituição que se preocupa com a produção e distribuição de alimentos saudáveis e orgânicos", declarou. "Conseguimos a produção da soja em menor tempo do que outros locais. Trata-se de um alimento ideal a ser incorporado na alimentação das crianças. A nossa soja, cultivada no CCEEWAME, resistiu a várias condições climáticas extremas".

 

A resiliência citada por Carneiro foi detalhada pelo assessor técnico do CCEEWAME, o engenheiro agrônomo Aloísio Pinto Sturm, responsável pelas análises climáticas. "A soja Edamame no CCEEWAME resistiu à chuva intensa, estiagem intensa e ventos fortes. Provou ser altamente resiliente. Trata-se de grande opção para os pequenos produtores, principalmente no verão", afirmou Sturm, destacando a janela de cultivo no período mais quente do ano, quando outras culturas podem ser prejudicadas.

 

Pesquisa Participativa e Viabilidade Econômica


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Os dados concretos sobre a viabilidade da cultura foram apresentados pelo Engenheiro Agrônomo e extensionista rural Edison Rodrigues Cruz, chefe do escritório local da EMATER-RIO (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro). Ele detalhou os quatro anos de pesquisa participativa na Unidade de Observação. "Nossas pesquisas aqui no CCEEWAME comprovaram que a soja Edamame se adapta bem ao município de Magé e região. É uma opção de lavoura para o verão, quando o clima muito quente é desfavorável para vários cultivos", explicou Cruz.

 

Ele também fez um contraste importante sobre o mercado: "O Brasil ainda importa a maior parte da Edamame consumida, no entanto é o maior exportador da soja commodity". Para mudar essa realidade, o extensionista apontou a necessidade de divulgação do produto e da criação do hábito alimentar entre os brasileiros. Um exemplo de sucesso citado foi o do produtor local Ailton, conhecido como Tibuna, que já comercializa a Edamame com sucesso na feira da Barra da Tijuca, no Rio.

 

Cruz também ressaltou um aspecto técnico crucial: "O inoculante específico para a soja é essencial". O inoculante é um produto biológico que contém bactérias (rizóbios) específicas para a cultura da soja. Essas bactérias se associam às raízes da planta, formando nódulos onde convertem o nitrogênio do ar em uma forma que a planta pode absorver, reduzindo drasticamente a necessidade de adubação nitrogenada química e tornando o cultivo mais barato e sustentável.

 

Desafios Tecnológicos e Novas Parcerias


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A quebra de barreiras tecnológicas para ampliar a escala de produção foi o tema da palestra do engenheiro agrônomo Mauro Sérgio Vianello Pinto, da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Agroecologia. Ele apontou dois grandes desafios: a colheita manual, cansativa e demorada, e o debulhar delicado das vagens.

 

"Uma empresa brasileira está testando e adaptando no Rio Grande do Sul um equipamento chinês para a separação da vagem da planta. Já na Embrapa Meio Norte, no Piauí, desenvolveu-se uma máquina para debulhar feijão que está sendo adaptada para a soja Edamame", revelou Mauro Sérgio, sinalizando soluções em andamento. Ele ainda alertou os produtores para o período oficial de plantio, uma medida fitossanitária para evitar a ferrugem asiática.

 

O secretário municipal de Agricultura Sustentável e Defesa dos Animais, Arthur Antônio Silveira Cozzolino, reforçou o apoio da prefeitura. Após uma visita à China, onde o consumo de Edamame é cotidiano, Cozzolino mostrou-se entusiasmado. "Já exerço parceria com os pesquisadores envolvidos com a Soja Edamame e vejo potencial de extensão para que o produto chegue a fazer parte dos hábitos de alimentação aqui", disse.

 

Do Campo à Mesa: O Processamento e a Degustação


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O evento foi finalizado com uma aula prática das pesquisadoras Ilana Felberg e Renata Torrezan, da EMBRAPA Agroindústria de Alimentos, que explicaram o processamento pós-colheita. Elas narraram a história da Edamame como alimento tradicional no Oriente e destacaram a qualidade do produto brasileiro. As especialistas alertaram para a necessidade de cozimento adequado, descreveram os processos de limpeza, as técnicas de congelamento e as formas de industrialização, citando o uso diversificado do produto na China, até mesmo em doces como o Kit Kat.

 

Os participantes foram, então, convidados a acompanhar as etapas de processamento na cozinha do CCEEWAME e, em seguida, participar de uma sessão de degustação, recebendo um folheto com explicações e exemplos de aplicações culinárias. O produtor rural João Blanco, que recebeu sementes e vai iniciar a produção, resumiu o sentimento de parte dos agricultores presentes: "Excelente opção de variedade de safra, principalmente para o verão. Vou experimentar em pequenos lotes".


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A iniciativa em Magé consolida a Edamame não apenas como uma promissora cultura de verão, resiliente às mudanças climáticas, mas também como um símbolo de como a pesquisa, a extensão rural e a agricultura familiar podem se unir para fomentar novos mercados e promover a segurança alimentar e nutricional.


"Com base na Unidade de Observação instalada em 29 de janeiro de 2025 no Centro Cultural Esportivo Educacional Waldemar Mello (CCEEWAME), em Magé-RJ, a soja Edamame (cultivar BRS 267) demonstrou plena adaptação ao município, confirmando seu potencial como uma opção viável e resiliente para o plantio de verão. O estudo, conduzido com seis tratamentos de adubação distintos, revelou que a produtividade não variou significativamente entre a testemunha e as formulações orgânicas testadas, sendo o uso do inoculante apontado como fator determinante para o sucesso do cultivo. A cultura mostrou rusticidade frente a variações climáticas e baixa incidência de pragas e doenças. Entretanto, os pesquisadores destacam como principais desafios a colheita manual intensiva e a necessidade de estratégias de comercialização e resfriamento pós-colheita, além da importância de políticas que incentivem a inserção do produto na merenda escolar e na formação de hábitos alimentares locais", concluiu o extensionista Edison Cruz.


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Reportagem de Francisco Pontes de Miranda Ferreira

Imagens de Luiz Carneiro e Claudia Almeida

Revisão de Sueli Carneiro e apoio técnico de Sofia Asthine

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