Invista na meliponicultura e colabore para a preservação da biodiversidade do Brasil
- agroecoturnoticias
- 22 de ago. de 2022
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Atualizado: 30 de ago. de 2022

Durante a oficina, a equipe da AME - RIO demonstrou uma forma simples e eficiente de captura das melíponas para quem quiser começar uma criação.
Cerca de 70% da polinização da flora brasileira depende das abelhas. Em nosso território as abelhas originais, também conhecidas como nativas, sem ferrão e indígenas produzem meles de elevada qualidade e são seguras para serem criadas em qualquer quintal. A Associação de Meliponicultores do Rio de Janeiro (AME – RIO) promove várias oficinas e cursos para conscientizar a população sobre a importância das abelhas nativas e para incentivar as pessoas a criarem esses polinizadores em seus quintais, sítios, jardins e até em espaços públicos. “Somos uma associação sem fins lucrativos que funciona desde 2007. Nosso objetivo não é comercial e sim conscientizar sobre a importância das abelhas nativas”, explicou a presidente da AME – RIO, Celicina de Fátima Ferreira, na abertura da oficina, que aconteceu no dia 20 de agosto de 2022, no Centro Cultural Esportivo e Educacional Waldemar Mello (CCEEWAME), em Santo Aleixo – local onde funciona também a sede da AME – RIO.

“São mais de 350 espécies no Brasil que apresentam características diferentes para cada bioma. Nossas abelhas se distinguem das apis, que possuem ferrão. Trata-se de um fenômeno genético que diferenciou a tribo meliponini”, ressaltou o coordenador da oficina, Carlos Ivan da Silva Siqueira, da AME – RIO. Carlos Ivan contou que as abelhas não nativas vieram no período da colonização, principalmente da Europa, e eram muito importantes para a produção de cera – base da iluminação na época. Depois trouxeram espécies da África que produzem maior quantidade de mel. Ele disse que as abelhas sem ferrão ocorrem na região tropical do planeta, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio e que as melíponas são características da América do Sul. “A importância das abelhas para a polinização é tão grande que em áreas em que as abelhas foram extintas, a polinização tem que ser feita de forma manual, muito trabalhosa”, enfatizou Carlos Ivan. Embora as melíponas produzam mel em menor quantidade, a qualidade é muito reconhecida e os meles das abelhas nativas vêm ganhando mercado.
Vários participantes foram sorteados com brindes da AME - Rio.
Encontramos na oficina vários interessados em iniciarem a criação de abelhas nativas. É o caso de Antônio Torres Santos e Iris Maria Pereira que estão investindo nas melíponas num sítio em Cachoeira Grande, em Magé. Iris é aluna do Centro de Ensino Integrado Agroecológico (CEIA), localizado em Rio do Ouro, em Magé e pretende se concentrar na agroecologia. “Penso nas gerações futuras e nas mudanças climáticas. A agroecologia é muito importante para a sobrevivência de todos nós”, destacou Iris. Anderson Gabriel, de 15 anos, também está criando melíponas em Magé e afirmou que “as abelhas nativas são essenciais para a preservação do bioma e os agrotóxicos são muito perigosos para as abelhas”. Ele já tem uma caixa de mandaçaia, duas de jataí e três de mirimelina. O francês, Gregório Dupont, que já mora há mais de 30 anos no Brasil, assistiu a uma pequena palestra no Rio sobre as abelhas nativas e veio participar da oficina no Centro Cultural. “Estou muito interessado e tenho um local para começar a criação em Miguel Pereira”, apontou Gregório.
No final da oficina a equipe da AME – RIO explicou uma forma simples, eficiente e barata para a captura das abelhas nativas, através de garrafas pet que são colocadas em locais elevados, à sombra e o período ideal é a primavera. As abelhas são atraídas por uma substância de simples preparação produzida pelo próprio mel. Trata-se de uma forma bem prática para iniciar a criação e atrair o enxame. Na internet é possível encontrar várias informações sobre os procedimentos da chamada isca-pet. O AGROECOTUR Notícias já produziu outras matérias sobre as ações da AME – RIO, não deixem de acessar em “Notícias” e de compartilhar.

O empresário José Augusto Nalin prestigiou o evento e comprometeu-se em investir e apoiar o desenvolvimento da agroecologia na Baixada Fluminense. Disse que vai contar com a colaboração de especialistas locais que possuem a experiência e o conhecimento científico. Apoiou a iniciativa da AME – RIO e acredita também no desenvolvimento do turismo rural na região. Entre os convidados que lá compareceram, destacam-se o representante do SISS-GEO (Sistema de Informação em Saúde Silvestre) da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Carlos Alberto Martins da Silva, que também teve oportunidade de apresentar o projeto de que participa e da pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Sandy Sampaio Videira, que levou várias amostras dos cogumelos que sua empresa - Senhor Cogumelo - produz.

Os visitantes foram também conhecer a horta comunitária que está sendo implantada no Centro Cultural. Todas as atividades agroecológicas possuem uma estreita relação com as abelhas que exercem essencial papel na polinização para a produção de alimentos.

Quem quiser produzir em maior quantidade, acima de 49 caixas, deve regularizar sua criação junto ao Cadastro Técnico Federal (CONAM) e abaixo de 49 é no instituto Estadual do Ambiente (INEA). Informações através do e-mail redator@ame-rio.org A AME-RIO está também numa luta política e a equipe reclamou que o Estado do Rio de Janeiro está com a legislação atrasada em relação a muitos outros Estados. “As leis são feitas para as abelhas comuns e não para as melíponas” reclamou a presidente da AME – RIO.
Reportagem: Francisco Pontes de Miranda Ferreira
Fotografias: Celicina Ferreira, Luis Carlos Carneiro, Thiago Barreto, Aloísio Sturm e Carlos Alberto Martins da Silva
Excelente matéria
Parabéns aos envolvidos
Parabéns a todos os envolvidos neste excelente projeto!!