Jovens promovem o I Fórum Climático de Magé: evento é vanguarda na discussão do Clima na região
- agroecoturnoticias
- 29 de jan. de 2023
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Atualizado: 31 de jan. de 2023

Com o lema “A gente precisa imaginar que é possível criar um futuro diferente” o coletivo Fórum Climático de Magé (FOMA) promoveu um evento com mais de 150 pessoas para discutir a justiça climática na região. O I FOMA aconteceu no Centro Cultural Esportivo e Educacional Waldemar Mello (CCEEWAME), em Santo Aleixo, no dia 28 de janeiro de 2023, e foi um sucesso. O FOMA é uma iniciativa de jovens pesquisadores e ativistas socioambientais de Magé. O objetivo principal é provocar o debate com a população através da temática da justiça climática.
As questões ambientais afetam muito mais a população com maior vulnerabilidade social, exatamente aquela que menos colabora para o aquecimento global. A perspectiva é a construção de um mundo mais justo e que possa enfrentar de forma coletiva a crise que por ora vivenciamos.

O evento teve a intenção de ouvir a população e contou com a presença de movimentos sociais e representantes de populações tradicionais. Participaram lideranças jovens e históricas na luta socioambiental da região. "Um dos objetivos é produzir um documento, uma Carta, reunindo várias vozes, sistematizando as demandas, a favor da justiça climática e passar a cobrar às autoridades o seu cumprimento", explicou Lyvia de Paula Leite, da organização do evento e do coletivo FOMA. Thaisa Martins Marins, também do FOMA e da organização do evento, destacou “a necessidade que a população tenha voz e que faça parte das políticas públicas”. “A intenção é conseguir reunir a população, além de políticos e acadêmicos, promovendo o levantamento dos problemas relacionados ao clima nos bairros, nas comunidades e fazer uma carta como agenda política”, ressaltou a voluntária Jessica Silva Soares. O voluntário Everton Carlos Marcolino Rodrigues ouviu falar do FOMA na faculdade e decidiu participar. Ele enfatizou a necessidade de “conscientizarmos as pessoas” e afirmou que “a questão climática tem que ser enfrentada por todos”. Outra voluntária, Debora Reis Pereira, falou da importância de valorizarmos os saberes populares e dar voz às comunidades. O advogado Antônio Seixas chamou a atenção para o trabalho coletivo necessário na defesa das questões socioambientais: "O I Fórum Climático de Magé está sendo responsável pela criação de um espaço de debate que une a diversidade cultural para a discussão sobre os riscos que as mudanças climáticas representam".

No evento tivemos a presença de tradicionais ativistas pela causa socioambiental, como Dulce Regina de Araújo. Ela foi destaque no enfrentamento do desastre de 2000 quando uma grande quantidade de petróleo foi derramada na baía de Guanabara, fato que, além de provocar severa poluição das águas, atingiu a sobrevivência de pescadores e caranguejeiros. A mediadora dos debates e membra do FOMA, Andressa dos Santos Dutra, falou dos problemas estruturais e historicamente construídos, responsáveis pela problemática socioambiental no município, causadores dos diversos desastres ambientais e pela distribuição injusta de suas consequências, como a expansão desordenada e desigual do território. Antes das falas dos convidados, os músicos Aime Braz e Alex Nunes realizaram uma apresentação com a temática socioambiental.

A Casa Fluminense, que financiou o projeto do FOMA, tem como objetivo construir coletivamente políticas e ações públicas para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com foco na redução das desigualdades. “Temos a intenção de organizar o terceiro setor e capacitar lideranças sociais. Nos focamos em quatro injustiças: econômica, de gênero, racial e climática” destacou o representante Lennon Medeiros. Ele defendeu o desenvolvimento de tecnologias sociais mais verdes.

Na mesa tivemos representantes de comunidades, de movimentos sociais e experientes pesquisadores. Gabriela Ventura, do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), argumentou a favor da construção de redes para o combate às questões socioambientais. Ela defende o fortalecimento de organizações solidárias. Valdirene Couto Raimundo, liderança do Quilombo Feital de Piedade, identificou a injustiça ambiental presente em seu território, onde a população convive diariamente com problemas graves de saneamento básico. O quilombo está trabalhando na implantação do Turismo de Base Comunitária e está identificando seu enorme potencial de gerar negócios, com a preservação ambiental e cultural. Sérgio Ricardo, tradicional militante e representante do movimento Baía Viva, faz parte também da Rede Brasileira de Justiça Ambiental e disse que a Baixada Fluminense tem que deixar de ser depósito do lixo da elite. Falou da histórica luta pela preservação dos manguezais, desde o final dos anos 1970 com o professor Elmo Amador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rafael Pereira, representante da Associação dos caranguejeiros de Suruí, também ressaltou a importância dos manguezais como berçários e filtros naturais e como sistema importante para a sobrevivência de populações tradicionais. Disse que a maior ameaça é a expansão urbana e industrial desordenada. Marcelo Gama, representante da gastronomia periférica e proprietário de restaurante em Piabetá, lembrou de sua avó que comia o que plantava, produtos locais e saudáveis. Defende uma nova cultura alimentar como resposta aos alimentos industriais. Aloísio Sturm, difusor da agroecologia e membro da equipe do projeto AGROECOTUR do CCEEWAME, falou do histórico desmatamento do recôncavo da baía de Guanabara e apontou soluções dentro dos princípios dos sistemas agroflorestais.


O I Fórum Climático de Magé abriu espaço para a divulgação e a comercialização de produtos locais elaborados dentro dos princípios da sustentabilidade social e ambiental. Quilombolas do Feital, artesãos de Magé como a Juliana e a Cláudia de Santo Aleixo, a Juju e muitos outros, o produtor rural agroecológico Sebastião, do CCEEWAME e a Genki alimentos expuseram e venderam seus produtos. Finalmente, o espaço da futura lanchonete-escola Jardim da Melíponas foi utilizado para o farto café da manhã, oferecido pela organização e lanche do intervalo com comando da Genki Alimentos. Para os pais com crianças pequenas, a organização do evento providenciou uma recreadora infantil voluntária, Raiane, que utilizou o espaço da biblioteca e da brinquedoteca "Alegria de Ler" do CCEEWAME.


O evento aconteceu com muita harmonia, solidariedade e paz e agradecemos à secretaria Municipal de Ordem Pública e à Guarda Municipal de Magé presentes ao evento.

Imagens do professor Luiz Carlos Carneiro e de Beatriz Ribeiro (Biá)
Reportagem: Francisco Pontes de Miranda Ferreira (Jornalista voluntário)
Apoio e revisão: Sueli Carneiro
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