Projeto Base da Coruja é exemplo de proteção da biodiversidade em Santo Aleixo

O projeto Base da Coruja em Santo Aleixo, localizado no Camping da Coruja no bairro do Cavado, vem promovendo a proteção da biodiversidade, contribuindo para a ciência e pesquisa e promovendo lazer e turismo para a região. O projeto foi instalado em propriedade que pertence à família de Jorge Antônio Paiva há quase 80 anos. Jorge trabalhou na lavanderia de Santo Aleixo por 22 anos e depois rodou pelo país, como auxiliar de topógrafo, participando de grandes obras. Finalmente, percebeu o valor de Santo Aleixo e de suas matas e decidiu ficar no seu local de origem. “Andei por tudo que é lugar como nivelador, trabalhei no túnel Santa Bárbara e na Linha Vermelha e descobri que meu lugar é aqui”, contou Jorge. Foi criado numa plantação de banana de seu pai, mas os filhos não seguiram este trabalho e agora Jorge retorna ao terreno com outros objetivos. “Fiz uma casinha e comecei plantando árvores como cambucá, jatobá e juçara”, afirmou Jorge. Carlos Alberto Martins da Silva, ambientalista e grande conhecedor das matas e trilhas da região, se juntou ao Jorge em 2019 e criaram importante parceria. Eles se conheceram na ocasião da busca e salvamento de um turista francês que se perdeu nas matas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO). Carlos e Jorge conhecem muito bem as trilhas, a flora e a fauna da região de Santo Aleixo. O projeto tem como objetivos o desenvolvimento do ecoturismo, conscientização e educação ambiental, apoio à pesquisa científica, proteção da parte baixa do PARNASO e busca e salvamento.

No local funciona um camping que oferece espaço adequado para as barracas, fogão à lenha e convencional, utensílios de cozinha, banheiro coletivo e, principalmente, muita natureza com cachoeiras e trilhas na mata. O local é ideal para a observação de pássaros com uma riquíssima avifauna. Quem estiver interessado em acampar no Camping da Coruja entre em contato pelo e-mail: corujacamping@gmail.com ou pelos telefones: (21) 967618416 (Carlos) ou (21) 997974376 (Jorge).

Além disso, foi formado, desde o resgate do turista francês, o Grupo de Busca e Salvamento em Áreas Remotas (GBSAR) que é solicitado sempre que alguém se perde nas florestas da região de Santo Aleixo.

Muito relevante é a participação de Jorge e Carlos na plataforma SISS-GEO (Sistema de Informação em Saúde Silvestre) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). O sistema tem como objetivo monitorar a flora e a fauna do país, identificar espécies, apontar ameaças e catalogar a vida silvestre. Jorge entrou na plataforma em 2019, como admirador da arte da fotografia, e ficou em 9° lugar no país como colaborador do projeto. Nos anos seguintes (2020 e 2021) ficou em primeiro lugar. Carlos está em segundo lugar no Brasil desde 2019. O fato coloca o município de Magé em destaque no sistema e especialmente a região de Santo Aleixo. O PARNASO e a Área de Proteção Ambiental de Suruí ficam assim também como as unidades de conservação que mais contribuíram para o SISS-GEO. A FIOCRUZ sempre premeia os dez maiores colaboradores de todos os anos. “Fotografia é uma paixão, temos que ressaltar o valor de nossa região e deixar um legado para as gerações futuras”, destacou Jorge. Nesse processo foi identificada uma orquídea ainda não catalogada e vários animais em extinção foram registrados. “A plataforma serve para valorizar nossa biodiversidade, além de contribuir para a pesquisa científica”, ressaltou Carlos. O trabalho do Projeto Base da Coruja cobre grande parte da ausência que faz uma sede do PARNASO em Santo Aleixo (34% do PARNASO fica em Magé). Carlos e Jorge contam com a importante participação do cientista Edvandro de Abreu Riberio, que é o mais importante pesquisador da biodiversidade de nossa região. Carlos recebeu a proposta de coordenar o grupo de voluntariados do PARNASO em Magé.

Reportagem: Francisco Pontes de Miranda Ferreira

Imagens: cedidas por Jorge e Carlos